14 dezembro 2015

Casamento no Parque

“O Amor é paciente, é benigno; não é invejoso, não trata com leviandade, não se ensoberbece (…) não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal. Tudo tolera, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O Amor nunca falha” (I Coríntios 13:4-8).
Boa profissão e emprego, apartamento e carro quitado, saúde, amigos, colegas… basicamente uma vida tranquila. O que mais poderia faltar? Foi a pergunta que me fiz na noite do dia 25 de dezembro de 2005. E a resposta veio de pronto, ‘construir uma família’. Na dúvida, escrevi no meu diário: “Amado Deus, se for da Tua vontade, me mande um filho Teu que tenha fé, emprego, que queira casar e ser pai e fico feliz se ele amar Nossa Senhora e São José”Resumindo, estava pedindo um milagre.
Cresci em uma família de pais amorosos e 4 irmãs. Na nossa mesa tinha sempre alguém diferente, primos, primas, tios, amigos de parentes… nunca estávamos sozinhos, meus pais abriam as portas para acolher todos aqueles que queriam ou precisavam de apoio. Aprendi muito cedo o significado da palavra compartilhar. Anos depois, quando meus pais faleceram, uma das coisas que me trazia a lembrança deles, era o sentar-se a mesa, onde cada um era amado e aceito, mesmo os mais diferentes da nossa forma de viver.
O milagre começou acontecer… Em 2006, fui Centro Universitário Estácio do Ceará, onde trabalhava, para a Universidade do Texas em Austin, onde trabalhei como professora pesquisadora por um ano, concluindo a tese de doutorado.
No aeroporto de São Paulo, tive uma sensação de paz que se selou em minha memória e aproveitei para fazer mais algumas anotações no meu diário.
Nos Estados Unidos reencontrei David em 30 de junho de 2006; éramos amigos, e nos conhecíamos há 2 anos, através de e-mails. Nenhum de nós tinha a intenção de namoro, todavia quanto mais conversávamos mais víamos similaridades de ideal de vida. O milagre acontecendo.
Começamos a namorar e eu decidida que sou, pensei: “vou casar com ele”; claro que ele não sabia disso. O que não me impediu de pedir a Deus. O impossível é especialidade de Deus, digo impossível porque éramos solteirões convictos e felizes. Conversava e pedia diariamente a Deus, porque Ele sabe o que queremos, mas quer ouvir de nós. Então eu dizia todos os dias: “quero casar com o David, ele atende com perfeição os cinco pontos em um esposo que pedi ao Senhor no diário”.
Deus sempre dá com generosidade. Dia 25 de agosto de 2006, David colocou o joelho no chão, como um bom romântico que é, me pediu em casamento e me deu a aliança de noivado. Fiquei tão surpresa que no meu espanto e alegria, a aliança foi parar no chão, rolando sabe-se lá para onde. O suave barulho da aliança caindo nos fez rir e quebrou a minha inatividade.
Casamos dia 14 de dezembro de 2006. Foi um casamento surpresa! David me convidou para visitar um parque. Lá ele fez a proposta de casarmos. Joelho no chão, licença de casamento na mão e Juiz de paz e pastor esperando, casamos. Estava com roupas simples, mas nada parecia mais apropriado e casamos em um parque lindo e tranquilo. O céu estava tão azul que eu podia sentir a luz de Deus abençoando nossa união e o farfalhar dos santos anjos confirmando o milagre.
Uma curiosidade! sem saber, sem planejar: tinha algo usado, algo novo, algo emprestado e algo azul, como pede a tradição (something old, something new, something borrowed, something blue). Usado: Estava com minhas botas de inverno, Novo: o colar de perolas, presente do David, Emprestado: Eu e David estávamos com os terços trocados, eu com o dele e ele com o meu. Azul: minha blusa.
Diz a tradição que esses itens, usado, novo, emprestado e azul, respresentam votos de felicidade para a noiva, caso os tenha, no dia do casamento! O emprestado, simboliza a continuidade, o novo significa otimismo e esperança na nova vida, o usado, é a lembrança de que a noiva continua próxima da família e dos amigos, e o azul está ligado ao casamento por séculos. Na Roma antiga, as noivas usavam azul, simbolizando, amor, modéstia, e fidelidade. O Cristianismo veste a Virgem Maria em azul, assim pureza é associada com a cor. Como se diz por aqui: “Marry in blue, lover be true”.
Lembram da mesa de meus pais? A tradição continua. Eu, David e David (4 anos), sempre sentamos na nossa imensa mesa e nos alegramos em receber as pessoas. Assim como era no tempo dos meus pais. Tradição que permanece viva em mim! Herança de família e memória viva.
Depois de alguns meses, no Brasil, casamos na Igreja Católica, com a família e os amigos por testemunhas do nosso amor. E Hoje completamos 9 anos de casados!

Pegadas na Areia ~ Mary Stevenson

Uma noite eu tive um sonho.  
 Sonhei que estava andando na praia com o Senhor 
.  E através do Céu, passavam cenas da minha vida. 
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