Por 3 meses Asne foi hospede de uma
família afegã, cujo chefe o livreiro Sultan Khan, tinha duas esposas e 5
filhos.
Baseada nesta convivência, Asne escreveu o
Livreiro de Cabul. Transformar pessoas reais em personagens de livro não é um
empreendimento isento de problemas (…) no caso não foi diferente: o livreiro
ficou indignado, processou a autora e acabou ele próprio escrevendo a versão do
acontecido.
O resultado do julgamento foi a doação de
uma parte dos direitos autorais para uma fundação que visa promover a
literatura afegã, sugestão da própria autora.
Mas vamos ao livro...
No livro, o personagem principal, Sultan
Khan, é inspirado em um livreiro que embora tivesse um comportamento liberal e
progressista na área da cultura, dirigia a família com mão de ferro, seguindo
os preceitos do fundamentalismo islâmico no trato com as esposas e filhos.
Sem esconder a opressão vivida pelas
mulheres afegãs, tema largamente explorado na literatura e amplamente mostrado
na mídia, ela investe em esmiuçar outro ângulo da mesma questão, revelando que
as relações de gênero no Afeganistão são bem mais complexas.
O livreiro de Cabul é um bom livro tanto para
quem admira uma história bem contada, quanto para os que defendem um jornalismo
bem feito, sem ser destituído de inteligência e… humanidade.