Essa é uma história que fica
na memória por um longo tempo. A forma como Donna Tartt escreve me fez imergir
na vida dos personagens quase como se os conhecesse pessoalmente. A história é
contada devagar, mas há tanta complexidade que a lentidão é apropriadamente bem
vinda.
A autora consegue recriar o
sentimento e a atmosfera de um grupo que descobre o que significa matar um
amigo e as consequências que se dá na consciência de cada um deles entre o medo
de ter o segredo descoberto, e o sentimento de necessidade do crime em si.
Para quem aprecia a literatura grega o livro é fantástico, com boas citações e mistura perfeita entre um texto moderno e um texto clássico. A forma como a história vai se dando pode ser compreendida em um misto de tragédia grega e novela criminal moderna.
Para quem aprecia a literatura grega o livro é fantástico, com boas citações e mistura perfeita entre um texto moderno e um texto clássico. A forma como a história vai se dando pode ser compreendida em um misto de tragédia grega e novela criminal moderna.
Há o mesmo toque de poesia e
drama psicológico que tem acompanhando os livros de Donna Tartt, todavia esse é
o meu livro favorito de Tartt.
Quem conta a história é
Richard Papen, aluno bolsista da Universidade de Hampdem em Vermont. Richard é
aceito pelo círculo mais privilegiado daquela universidade. Ele passa a fazer
parte dos grupo de cinco alunos, sofisticados e originais, selecionados por um
mestre erudito e carismático, dedicados ao estudo da literatura e língua Grega.
Para mim uma obra prima:
Richard Papen, no prólogo,
nos fala sobre um assassinato ‘pelo qual ele foi parcialmente responsável’. E
ficamos nos perguntado como aconteceu? É a revelação predominando sobre a
surpresa.
Ela expressa o que há muito
tempo insisto: Há pouco o que se compare com a beleza da literatura grega. E
para quem também gosta de Filosofia grega Homero e Platão é bem representado,
sem falar nas citações em Latim e Grego essas línguas de grande riqueza
linguística.
Algumas impressões finais do
texto:
Há o clássico narrador.
Amigável e ao mesmo tempo frustrado, sem suporte familiar ou mesmo simpatia,
chega na Universidade em busca de uma vida melhor intelectualmente e
materialmente.
Constantemente somos
lembrados da Beleza, seja humana, natural ou poética. Mas não a beleza vista
pelos olhos, mas a beleza interna. Donna Tartt expressa como a beleza é
importante, ainda que não falemos sobre ela. ‘Kalepa ta kala’. Beauty is harsh.
O belo é difícil, O difícil é belo. A primeira sentença que aprendi em grego
foi o motto de Richard no livro. Só lembrando o que Fiodor Dostoievski disse em
sua obra O Idiota: A beleza salvará o mundo!
Nietzsche, já expressava que
a tragédia grega era uma explosão de dualidade ente Dionísio e Apolo. Dionísio,
simbolizando a natureza, os excesso, o irracional. O culto a Dioniso, na antiga
Grécia, aparece ligado a orgias e festividades com música, dança e muita
bebida. Apolo é o contraponto de Dionísio. É o símbolo da ordem, medida,
proporção, forma. Os pupilos do Mestre Julian, vão aprender sobre os perigos
dessa aliança entre Dionísio e Apolo.
Quem se aventurar nessa
leitura fará uma boa trajetória literária, interna e externa.