A história começa de forma impactante. Robin, um menino de 9 anos é
encontrado enforcado em uma árvore do jardim de casa, enquanto a família se
preparava para celebrar o Dia das Mães. O assassino nunca é descoberto.
Aos doze anos, Harriet Cleve Dufresnes, alimentada por suas leituras de
aventuras – O Livro da Selva, de Kipling, A Ilha do Tesouro, de Stevenson o Capitão
Scott e suas histórias na Antártida, Houdini e suas contorções sob o gelo, as
charadas de Sir Arthur Conan Doyle com Sherlock Holmes e a Enciclopédia Britânica – decide resolver o
mistério da morte de seu irmão e assim, punir o assassino.
Harriet tinha 6 meses quando Robin foi assassinado e tudo o que sabe do
irmão, adorado por toda a família, é através de fotografias desfocadas (onde
todos parecem tão felizes!) e de pedaços de conversas sussurradas e confusas. Ela
vive com sua mãe a depressiva Charlotte, e com Allison sua irmã de dezesseis
anos que muitas vezes parece indiferente a tudo. A casa é cuidada por Ida Rhew,
um personagem enigmático e mantida por Dix, o pai ausente que mora no Tennesse.
Vizinho a família de Harriet, moram a avó Edie, a figura elegante e
aristocrática e duas tias avós.
O
livro gira em torno da vida de Harriet, suas inquietações, seus sonhos, suas
aventuras. O relacionamento dela com seu único amigo Hely, e aliado na busca do
assassino de Robin.
A forma como Donna Tartt descreve Mississipi, é tão real que passa a
povoar nosso imaginário. Ela tem esse talento! A narrativa expressa uma
escuridão emocional quase palpável, onde o remorso, a saudade e a tentativa de
recuperar um tempo que não volta, são considerados por cada personagem.
Acompanhamos o desejo de vingança de Harriet, aliado à crença de ser capaz de
restabelecer a paz e a harmonia familiar como era no passado, com refeições normais,
uma casa limpa, conversas alegres.
É
um livro denso, que por vezes deixa o leitor submerso perante as
incertezas do que os personagens vivem, mas nunca indiferente a dor de
cada um deles. Para
quem gosta de um final bem definido, essa não é uma história completa, muitas
lacunas ficam por preencher, o que acredito ter sido a intenção de Donna Tartt,
uma vez que ao final do livro, ficamos com a imaginação em ebulição.
De Donna Tartt, li O Pintassilgo e A História Secreta, sendo dos 3 livros de Tartt, A História Secreta o meu favorito. Vamos aguardar que ela lance outros livros!