30 março 2017

TRILOGIA O SÉCULO ~ Ken Follett

Para quem gosta de ficção histórica esse é uma boa trilogia. Não se assuste com o número de páginas. Em nenhum momento a história fica aborrecida ou perde o rumo.

A saga é composta de 3 livros: A Queda dos Gigantes, Inverno do Mundo, Eternidade por um Fio. (são mais de 3 mil páginas)

No primeiro livro, A Queda de Gigantes, acompanhamos a história de alguns personagens bem interessantes; entre aristocratas, donas de casa, feministas e sonhadores, vamos percebendo a mudança de atitude impostas pelo cotidiano, especialmente pela guerra.

A Primeira Guerra Mundial é o cenário do livro e não só nos traz a memória os horrores da guerra, como nos faz refletir sobre os interesses políticos, colocados acima do bem estar da população.

Temos ainda, uma boa apresentação da Revolução Russa, de como Lenin coordenou as ações, de sua personalidade, de seus sonhos.

Muitas vezes você vai puxar da memória as aulas de história que teve e vai no google complementar informações . Muitas vezes vai se indignar com alguns personagens e torcer por outros. Vai ainda refletir sobre a crueldade da guerra.

Vale a leitura. Acredito que quando terminar o primeiro livro você vai querer continuar a leitura da sequência na história no segundo livro, porque então estará convencido de que os personagens vão 'contar' mais.

O segundo livro da trilogia é Inverno do Mundo, ambientado na Segunda Guerra Mundial e no despertar da era nuclear. O livro continua a saga dos personagens do livro um – das famílias norte americanas, alemãs, russas e inglesas – com o acréscimos de novas gerações.

Nessa obra revisitaremos a ascensão do Terceiro Reich, da Guerra Civil Espanhola e da Segunda Guerra Mundial. Uma obra bem descrita e detalhada. Dos 3 livros foi o que mais gostei.

Carla Von Ulrich, filha de pai alemão e mãe inglesa, é uma das personagens fortes desse livro, capaz de uma conduta altruísta e dona de uma personalidade forte e honesta. Os pais de Carla são responsáveis pelo romance mais bonito do primeiro livro.

Woody e Chuck Dewar, irmãos norte americanos, nos levam perto do desenrolar da história em Washington e Pearl Harbor. A batalha de Pearl Harbor é tão detalhada que por momentos nos sentimos lá. Follett faz uma rica narrativa. Somos ainda transportados para a Guerra Civil Espanhola, narrada na aventuras do inglês Lloyd Williams, que reconhece as falhas tanto do comunismo quanto do fascismo.

Deyse Peshkov, filha de um personagem, para mim, ‘no mínimo’, o mais aborrecido e vilão do primeiro livro, é responsável por grandes mudanças pessoais nesse livro. A forma como Deyse amadurece é reveladora de um forte caráter. Gostei muito da personagem.

Por fim, Volodya, membro da inteligência do Exército Vermelho, nos leva mundo histórico da URSS e nos dá uma verdadeira aula de espionagem.

Como no primeiro livro, vale cada página. Sim é uma leitura longa, mas com persistência e amor pela história a narrativa é fantástica.

O terceiro livro Eternidade por um Fio conclui a história da saga com uma boa narrativa da turbulência social, política e econômica entre as décadas de 1960 e 1980, com a luta pelos direitos civis, assassinatos, movimentos políticos de massa,  guerra do Vietnã, Muro de Berlim, Crise dos Mísseis de Cuba, impeachment presidencial, revolução… e rock and roll!


02 março 2017

O Estrangeiro ~ Albert Camus

L'Étranger (em português O estrangeiro) é o mais famoso romance do escritor Albert Camus. A obra foi lançada em 1942, e traduzida em mais de quarenta línguas.

Essa obra faz parte do "ciclo do absurdo" de Camus, trilogia composta de um romance (L'Étranger), um ensaio (Le mythe de Sisyphe - O mito de Sísifo) e uma peça de teatro (Calígula), obras que descrevem o aspecto fundamental de sua filosofia : o absurdo.

Vale a aventura de ler essa obra. Essa é a terceira vez que leio e sempre encontro algo novo.

O romance conta a história de Meursault, um homem que comete um assassinato e vai a julgamento. A ação desenrola-se na Argélia na época em que ainda era colônia francesa, país onde Camus viveu grande parte da sua vida.

A narrativa começa com um telegrama comunicando o falecimento da mãe de Meursault. Ele viaja ao asilo onde ela morava e comparece à cerimônia fúnebre, sem, no entanto, expressar qualquer sentimento.

Meursault vive sem grandes sobressaltos: relaciona-se com Marie com certa indiferença (se ela quiser, ele casa; senão quiser, um dar de ombros é o máximo que se traia dele); aceita as propostas do patrão sem nenhuma emoção (vai para Paris, se ele assim o designar; se não fica tateando o invisível em seus recantos, e estamos conversados); participa da vida dos vizinhos sem alegria (ajuda o cafetão Raymond e o velho Salamano com quem conserta automóveis, mas não os considera amigos).

Ao ajudar Raymond a se livrar de uma de suas amantes árabes, os dois aborrecem o irmão da moça "o árabe", e em uma praia o árabe esfaqueia Raymond. Num ato de loucura,   incomum a personalidade de Meursault, ele volta à praia e atira uma vez no árabe causando sua morte e depois dá mais quatro tiros no corpo já morto.

Durante o julgamento a acusação concentra-se no fato de Meursault não conseguir ou não ter vontade de chorar no funeral da sua mãe. O homicídio do árabe é aparentemente menos importante do que o fato de Meursault ser ou não capaz de sentir emoções; o argumento é que, se Meursault é incapaz de sentir remorsos, de se emocionar, deve ser considerado um misantropo perigoso e consequentemente executado para prevenir que repita os seus crimes, tornando-o também num exemplo.

Além de ser uma enxuta reflexão sobre o alheamento, “O Estrangeiro” trata ainda, filosoficamente, do confinamento e da pena de morte.

SOBRE CAMUS:

Apesar de rejeitar o rótulo de existencialista, Camus foi influenciado, ao escrever o romance, pelas ideias de Jean-Paul Sartre e Martin Heidegger. Camus e Sartre em particular haviam se envolvido na resistência francesa durante a Segunda Guerra Mundial e foram amigos até que diferenças em posições políticas os levaram ao rompimento.

No limite, Camus apresenta o mundo como essencialmente sem sentido e assim, a única forma de chegar a um significado ou propósito é criar um por si mesmo. Assim, é o indivíduo e não o ato que dá significação a um dado contexto. Camus também lida com as questões do relacionamento humano em outras obras de ficção como La Mort heureuse (1971 - em português: A Morte Feliz) e La peste (1947 - em português: A Peste), assim como em algumas obras de não-ficção como L'Homme révolté (1951 - em português: O homem revoltado) e Le Mythe de Sisyphe (1942 - em português: O Mito de Sísifo).

Camus, prêmio nobel de literatura, é conhecido como um gigante da literatura francesa, mas foi seu berço africano que modelou usa vida e arte. Camus colocou suas duas mais famosas obras: O Estrangeiro e A Praga, em Algeria. Todavia, a despeito do monumental trabalho e grande afeto por sua terra natal, Algeria nunca tornou esse afeto recíproco. Camus não é parte de nenhum curriculum escolar na Algeria. Seus livros raramente são encontrados nas livrarias e bibliotecas.

Algeria apagou Camus disse Hamid Grace, um novelista Algeriano que 2011 escreveu ‘Camus dans le Narguilé’.

A despeito de ser algeriano, Camus acreditava que a Algeria deveria continuar parte da França. Assim Camus é conhecido em sua pátria como um colonialista e nada mais. 

Catherine Camus, filha de Camus que mora na França, afirma que Camus amava Algeria e sempre que podia visitava sua terra natal.

Ah Algeria, não há como negar o talento de Camus. Sua grandeza como escritor é real, seu prêmio nobel contribuiu para apresentar a Algeria para o mundo e se a visão política não foi favorável ao seu país natal, que ele seja ‘salvo’ pela magnificência de sua obra existencialista.



Outro livro de Albert Camus resenhado: 
A Peste



Pegadas na Areia ~ Mary Stevenson

Uma noite eu tive um sonho.  
 Sonhei que estava andando na praia com o Senhor 
.  E através do Céu, passavam cenas da minha vida. 
  Par...