02 março 2017

O Estrangeiro ~ Albert Camus

L'Étranger (em português O estrangeiro) é o mais famoso romance do escritor Albert Camus. A obra foi lançada em 1942, e traduzida em mais de quarenta línguas.

Essa obra faz parte do "ciclo do absurdo" de Camus, trilogia composta de um romance (L'Étranger), um ensaio (Le mythe de Sisyphe - O mito de Sísifo) e uma peça de teatro (Calígula), obras que descrevem o aspecto fundamental de sua filosofia : o absurdo.

Vale a aventura de ler essa obra. Essa é a terceira vez que leio e sempre encontro algo novo.

O romance conta a história de Meursault, um homem que comete um assassinato e vai a julgamento. A ação desenrola-se na Argélia na época em que ainda era colônia francesa, país onde Camus viveu grande parte da sua vida.

A narrativa começa com um telegrama comunicando o falecimento da mãe de Meursault. Ele viaja ao asilo onde ela morava e comparece à cerimônia fúnebre, sem, no entanto, expressar qualquer sentimento.

Meursault vive sem grandes sobressaltos: relaciona-se com Marie com certa indiferença (se ela quiser, ele casa; senão quiser, um dar de ombros é o máximo que se traia dele); aceita as propostas do patrão sem nenhuma emoção (vai para Paris, se ele assim o designar; se não fica tateando o invisível em seus recantos, e estamos conversados); participa da vida dos vizinhos sem alegria (ajuda o cafetão Raymond e o velho Salamano com quem conserta automóveis, mas não os considera amigos).

Ao ajudar Raymond a se livrar de uma de suas amantes árabes, os dois aborrecem o irmão da moça "o árabe", e em uma praia o árabe esfaqueia Raymond. Num ato de loucura,   incomum a personalidade de Meursault, ele volta à praia e atira uma vez no árabe causando sua morte e depois dá mais quatro tiros no corpo já morto.

Durante o julgamento a acusação concentra-se no fato de Meursault não conseguir ou não ter vontade de chorar no funeral da sua mãe. O homicídio do árabe é aparentemente menos importante do que o fato de Meursault ser ou não capaz de sentir emoções; o argumento é que, se Meursault é incapaz de sentir remorsos, de se emocionar, deve ser considerado um misantropo perigoso e consequentemente executado para prevenir que repita os seus crimes, tornando-o também num exemplo.

Além de ser uma enxuta reflexão sobre o alheamento, “O Estrangeiro” trata ainda, filosoficamente, do confinamento e da pena de morte.

SOBRE CAMUS:

Apesar de rejeitar o rótulo de existencialista, Camus foi influenciado, ao escrever o romance, pelas ideias de Jean-Paul Sartre e Martin Heidegger. Camus e Sartre em particular haviam se envolvido na resistência francesa durante a Segunda Guerra Mundial e foram amigos até que diferenças em posições políticas os levaram ao rompimento.

No limite, Camus apresenta o mundo como essencialmente sem sentido e assim, a única forma de chegar a um significado ou propósito é criar um por si mesmo. Assim, é o indivíduo e não o ato que dá significação a um dado contexto. Camus também lida com as questões do relacionamento humano em outras obras de ficção como La Mort heureuse (1971 - em português: A Morte Feliz) e La peste (1947 - em português: A Peste), assim como em algumas obras de não-ficção como L'Homme révolté (1951 - em português: O homem revoltado) e Le Mythe de Sisyphe (1942 - em português: O Mito de Sísifo).

Camus, prêmio nobel de literatura, é conhecido como um gigante da literatura francesa, mas foi seu berço africano que modelou usa vida e arte. Camus colocou suas duas mais famosas obras: O Estrangeiro e A Praga, em Algeria. Todavia, a despeito do monumental trabalho e grande afeto por sua terra natal, Algeria nunca tornou esse afeto recíproco. Camus não é parte de nenhum curriculum escolar na Algeria. Seus livros raramente são encontrados nas livrarias e bibliotecas.

Algeria apagou Camus disse Hamid Grace, um novelista Algeriano que 2011 escreveu ‘Camus dans le Narguilé’.

A despeito de ser algeriano, Camus acreditava que a Algeria deveria continuar parte da França. Assim Camus é conhecido em sua pátria como um colonialista e nada mais. 

Catherine Camus, filha de Camus que mora na França, afirma que Camus amava Algeria e sempre que podia visitava sua terra natal.

Ah Algeria, não há como negar o talento de Camus. Sua grandeza como escritor é real, seu prêmio nobel contribuiu para apresentar a Algeria para o mundo e se a visão política não foi favorável ao seu país natal, que ele seja ‘salvo’ pela magnificência de sua obra existencialista.



Outro livro de Albert Camus resenhado: 
A Peste



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