Antes de
prosseguir meu caminho e lançar o meu olhar para frente, uma vez mais, na minha solidão,
elevo minhas mãos a Ti, a Ti de quem eu fujo, a Ti de
quem das profundezas do meu coração, tenho dedicado altares festivos, assim Tua
voz pode voltar a me encontrar.
Sobre esses
altares está gravado em fogo esta inscrição: “Ao Deus Desconhecido”.
Eu sou Teu, embora até o presente, tenha me associado ao grupo dos
que não crêem.
Eu sou Teu, não obstante os laços me
puxarem para o abismo.
Mesmo querendo fugir, sinto-me forçado a
seguir-Te.
Eu quero Te
conhecer, ó Desconhecido! Tu que alcança o íntimo de minha alma
. E como um vento em dia de tempestade, surge em minha vida
. Tu, o Incompreensível, todavia meu próximo, quero Te conhecer e até te
servir.
Existem algumas interpretações sobre o motivo de Nietzsche ter escrito um poema tão profundamente espiritual, e tão aparentemente teísta, mas o que nos importa aqui é reconhecer a complexidade inata da relação que cada ser tem com Deus – e, quanto mais sábio este ser, mais deliciosamente complexa será sua interpretação, pelo menos se a formos tentar resumir em palavras, que no fundo, são apenas cascas de sentimentos...
To the Unknown God
Once more,
before I wander on
and turn my glance forward,
I lift up my hands to you in
loneliness —
You, to whom I flee,
To whom in the deepest depths of my heart
I
have solemnly consecrated altars, so that
Your voice might summon me again.
On them
glows, deeply inscribed, the words:
To the unknown God.
I am his, although
until this hour
, I’ve remained in the wicked horde:
I am his—and I feel the
bonds
, that pull me down in my struggle
And, would I flee,
Force me into his
service.
I want to know you, Unknown One,
You who have reached deep into my soul,
into my life like the gust of a
storm,
You incomprehensible yet related one!
I want to know you, even serve
you.